[f i l m e s d o c h i c o]

30 de dez. de 2006

[frankie 2006]

[retrospectiva 2006: melhores do ano]

Vote nos melhores filmes do ano na enquete em pop-up neste blogue!

[frankie 2006]

[filme do ano]

O Céu de Suely, de Karim Aïnouz
A Dama na Água, de M. Night Shyamalan
The Host, de Bong Joon-ho [*]
O Novo Mundo, de Terrence Malick
Síndromes e um Século, de Apichatpong Weerasethakul [*]

[direção]

Apichatpong Weerasethakul, por Síndromes e um Século [*]
Bong Jon-ho, por The Host [*]
Karim Aïnouz, por O Céu de Suely
M. Night Shyamalan, por A Dama na Água
Terrence Malick, por O Novo Mundo

[ator]

Forest Whitaker, por Mary [*]
Leonardo Di Caprio, por Os Infiltrados
Matthew Macfayden, por Orgulho e Preconceito
Philip Seymour Hoffman, por Capote
Ryan Gosling, por Half Nelson [*]

[atriz]

Estamira, por Estamira
Helen Mirren, por A Rainha [*]
Hermila Guedes, por O Céu de Suely [*]
Isabelle Huppert, por A Comédia do Poder [*]
Q'Orianka Kilcher, por O Novo Mundo

[ator coadjuvante]

Donald Sutherland, por Orgulho e Preconceito
Jack Nicholson, por Os Infiltrados
João Miguel, por O Céu de Suely
Nanni Moretti, por O Crocodilo
Robert Downey, Jr., por A Scanner Darkly [*]

[atriz coadjuvante]

Beatrice Dalle, por Desejo e Obsessão [*]
Emily Blunt, por O Diabo Veste Prada
Melissa Leo, por Três Enterros
Meryl Streep, por O Diabo Veste Prada
Meryl Streep, por A Última Noite

[elenco]

O Céu de Suely
Orgulho e Preconceito
Pequena Miss Sunshine
A Scanner Darkly [*]
A Última Noite

[roteiro original]

Anna Boden & Ryan Fleck, por Half Nelson [*]
Bong Joon-ho, Chul-hyun Baek & Jun-won Ha, por The Host [*]
M. Night Shyamalan, por A Dama na Água
Nanni Moretti, por O Crocodilo
Philippe Garrel, com Arlette Langmann & Mark Cholodenko, por Amantes Constantes

[roteiro adaptado]

David Auburn, baseado no roteiro de Eun-Jeong Kim & Ji-na Yeo, por A Casa do Lago
Deborah Moggach, baseado no livro de Jane Austen, por Orgulho e Preconceito
Felipe Bragança, Karim Aïnouz & Mauricio Zacharias, baseado no roteiro de Karim Aïnouz, por O Céu de Suely
Garrison Keillor, baseado em seu programa de rádio, por A Última Noite
William Monahan, baseado no roteiro de Siu Fai Mak & Felix Chong, por Os Infiltrados

[cena do ano]

O boquete, em The Brown Bunny [*]
João volta de moto, em O Céu de Suely
Kinks na festa, em Amantes Constantes
Médica encara a câmera, em Síndromes e um Século [*]
Superman observa a casa de Lois, em Superman, o Retorno

[filme de estréia]

Anche Libero Va Bene, de Kim Rossi Stuart [*]
Estamira, de Marcos Prado
Half Nelson, de Ryan Fleck [*]
Orgulho e Preconceito, de Joe Wright
Sonhos de Peixe, de Kirill Mikhanovsky [*]

[filme brasileiro]

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger
O Céu de Suely, de Karim Aïnouz
Estamira, de Marcos Prado
Eu me Lembro, de Edgard Navarro
Sonhos de Peixe, de Kirill Mikhanovsky [*]

[fotografia]

Dion Beebe, por Miami Vice
Emmanuel Lubezcki, por Filhos da Esperança
Vilmos Zsigmond, por Dália Negra
Walter Carvalho, por O Céu de Suely
William Lubtchansky, por Amantes Constantes

[montagem]

Esmeralda Calabria, por O Crocodilo
José Eduardo Belmonte & Paulo Sacramento, por A Concepção
Lee Chatametikool, por Síndromes e um Século [*]
Michael Kahn, por Munique
Pedro Marques, por Juventude em Marcha [*]

[direção de arte]

Cássio Amarante, por O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
Dante Ferretti, por Dália Negra
Eugenio Caballero, por O Labirinto do Fauno
Jack Fisk, por O Novo Mundo
Rick Carter, por Munique

[figurinos]

Colleen Atwood, por Memórias de uma Gueixa
Jacqueline Durran, por Orgulho e Preconceito
Jacqueline West, por O Novo Mundo
Jenny Beavan, por Dália Negra
Mariano Tufano, por Mundo Novo

[maquiagem]

Abismo do Medo
O Labirinto do Fauno
Piratas do Caribe: o Baú da Morte
Terror em Silent Hill
X-Men: o Confronto Final

[trilha sonora]

Byung-woo Lee, por The Host [*]
Dario Marinelli, por Orgulho e Preconceito
James Newton Howard, por A Dama na Água
Javier Navarrete, por O Labirinto do Fauno
Terence Blanchard, por O Plano Perfeito

[canção]

"Me LLaman Calle"
autor: Manu Chao
intérprete: Manu Chao
Princesas [*]

"Song of the Heart"
autor: Prince
intérprete: Prince
Happy Feet, o Pingüim

"Tell Ol' Bill"
autor: Bob Dylan
intérprete: Bob Dylan
Terra Fria

"'Til the End of Time"
autor: DeVptchka & Nick Urata
intérprete: DeVotchka
Pequena Miss Sunshine

"Trouble Every Day"
autores: Dave Boulter, Dickon Hinchliffe, Alasdair Macaulay & Stuart Staples
intérprete: Tindersticks
Desejo e Obsessão [*]

[som]

Carros
Os Infiltrados
Miami Vice
Munique
Superman, o Retorno

[efeitos visuais]

O Labirinto do Fauno
Piratas do Caribe: o Baú da Morte
Superman, o Retorno
Terror em Silent Hill
X-Men: o Confronto Final

[filme de animação]

Carros, de John Lasseter, co-dir: Joe Ranft
Happy Feet, o Pingüim, de George Miller
A Scanner Darkly, de Richard Linklater [*]

[documentário]

Os EUA contra John Lennon, de David Leaf & John Scheinfeld [*]
O Homem-Urso, de Werner Herzog
Soy Cuba, o Mamute Siberiano, de Vicente Ferraz

Digam o que quiserem, mas 2006 foi um ano em que muitos filmes muito bons vieram para o Brasil. Seja em circuito, seja nos festivais de cinema que, ainda bem, assolam o país, se viu muita coisa boa, de muito lugar do mundo. Nesse embalo de retrospectiva, seguem meus favoritos entre os que eu vi neste ano, exclusivamente no cinema. Por causa desta regra, meu prêmio pessoal, o Frankie, homenagem ao grande Frank Capra, que chega hoje a sua décima quarta edição, é diferente da maioria dos outros porque não se guia pelas estréias oficiais do ano, mas pelo que eu assisti. Isso deixa de fora filmes que vão ganhar meus votos em algumas categorias do Alfred, o prêmio da Liga dos Blogues Cinematográficos, como Caché, O Segredo de Brokeback Mountain, ou 2046. O resultado com os vencedores sairá na sexta-feira, dia 5, a partir das 21h.

[*] indica os filmes que não estrearam neste ano e, portanto, não são elegíveis para o Alfred.

28 de dez. de 2006

[piores 2006]

[retrospectiva 2006: os piores]

No próximo dia 31, eu vou liberar a lista de indicados para o Frankie, meu prêmio pessoal de melhores do ano, válido apenas para os filmes que eu, seja em circuito ou não, tenha visto em 2006, sempre no cinema. Como ela não obedece os padrões da Liga dos Blogues Cinematográficos, ela vai ter apenas alguns dos filmes em que eu pretendo votar para o Alfred. Por enquanto, para dar o gostinho, segue aqui a lista do 20 piores filmes vistos neste ano pelos cinemas do Brasil.




1 Fonte da Vida, de Darren Aronofsky
2 As Tentações do Irmão Sebastião, de José Araújo
3 A Promessa, de Chen Kaige
4 Time, de kim ki-duk
5 Fica Comigo, de Eric Khoo

Este top 5 é realmente de matar. Fonte da Vida é o espetáculo de maior mau gosto visual em muito tempo, embora Chen Kaige tenha tentado fazer barata poesia com suas imagens insuportáveis também, mas o filme de Darren Aronofsky ganha por ter uma história metafísica didática e cafona que fazia falta no cinema. O cearense José Araújo perdeu toda a moral que tinha conquistado pelo belo O Sertão das Memórias (1996) num novo filme para o qual o adjetivo amador seria o mais simpático, mas que prova que pode haver financiamento para qualquer coisa. O filme de kim ki-duk é a piada do ano. E Fica Comigo tem a pior cena de 2006, aquela quando os protagonistas se encontram.

6 Menina Má.com, de David Slade
7 O Assassinato de Richard Nixon, de Niels Mueller
8 Instinto Selvagem 2, de Michael Caton-Jons
9 Cobrador, de Paul Leduc
10 Escuridão, de John Fawcett

Menina Má.com, além de ganhar a categoria pior título do ano, é um embuste dos bons, com seu senso de justiça deturpado, enquanto o filme de Niels Muller não se explica. É uma história que não merece ser contada, simplesmente. Instinto Selvagem 2, justiça seja feita, deve ser o pior (pior mesmo) filme da lista, mas caiu algumas posições porque, além de incompetente, não tem um décimo da ousadia dos outros. A estréia internacional de Lázaro Ramos, Cobrador, é tosco até a tampa. E Escuridão é uma coleção de retalhos de filmes de terror ruins.

11 Assombração, de Oxide Pang Chun e Danny Pang
12 Ultravioleta, de Kurt Wimmer
13 Parque, de Kurt Voelker
14 A Máquina, de João Falcão
15 Cafundó, de Paulo Betti e Clóvis Bueno

Assombração tem uma concepção visual bastante interessante. O problema é que ela vem acompanhada de uma história tão estúpida e pretensamente crítica que morre na praia sem chances de ressurreição. Ultravioleta é o game que nunca foi. Ruim demais. Parque é um acinte à inteligência mais burra, enquanto A Máquina é um filme que não sabe se libertar de sua origem teatral. Não chega a ser cinema. Cafundó parece não ter diretor. E tem dois.

16 Babel, de Alejandro Gonzalez Iñarritu
17 Incuráveis, de Gustavo Acioli
18 Edmond, de Stuart Gordon
19 Mentiras Sinceras, de Julian Fellowes
20 O Tigre e a Neve, de Roberto Benigni

Engraçado. O Iñarritu disse que odeia Crash (2006) e que seu Babel segue por outro lado, sem julgar suas personagens. Até pode ser, mas que parece, parece. E muito. Inclusive na visão primária das relações humanas. Gustavo Acioli dirigiu uma bela cena, mas seu filme inteiro parece um subproduto daqueles escritores brasileiros urbanos dos anos 80. Eca! Já Edmond parece, apesar de ter sido escrito por David Mamet, subproduto daqueles escritores norte-americanos urbanos dos anos 80. Hummm... A frase serve, em versão inglesa, para Mentiras Sinceras, que não é tão sincero no seu roteiro trapaceiro, e, italiana, no novo filme de Roberto Benigni, que, além de insistir na guerra para parecer engajado, desampreendeu a arte de enganar os trouxas. Esse não funcionou.

26 de dez. de 2006

[a promessa]

[em cartaz]

[a promessa ]
direção: Chen kaige.

Wu Ji/Mo Gik/The Promise, China/Hong Kong/Japão/Coréia do Sul. Maldito o dia em que os chineses descobriram os efeitos especiais. Chen Kaige provavelmente virou Herói e O Clã das Adagas Voadoras, de Zhang Yimou, deve ter ficado com inveja, e pensado: "eu posso fazer mais". Fez, sim: um filme que completamente artificial, que parece querer devorar o título de mais lindo do mundo, mas não passa de um espetáculo com imagens de gosto duvidoso (o filme é um concorrente forte a mais brega do ano embora tenha adversário de peso), que viraram lugar comum, e uma tentativa barata de transformar tudo em poesia. E que ninguém tente me convencer que se emocionou com isso aqui, que além de tudo tem uma música horrorosa. Triste ver aqueles que eram os dois grandes nomes do cinema chinês na década passada fazendo coisas deste tipo.

Com Hiroyuki Sanada, Jang Dong-Gun, Cecilia Cheung, Nicholas Tse, Liu Yeh, Chen Hong.

[ping pong mongol]

[em cartaz]

[pingpong mongol ]
direção: Ning Hao.

Lü Cao Di, 2005. A exporação do exótico para vender um filme? A princípio, era essa a impressão sobre este filme, mas o longa das belíssimas paisagens naturais da Mongólia se sustenta mesmo é no roteiro e na capacidade de encantamento pelas crianças. A bolinha de pingpong, ao contrário da garrafa de Coca-cola em Os Deuses Devem Estar Loucos, não surge para revirar o status quo, mas para revelá-lo. É a partir da chegada dela que se estabelece o cotidiano, as regras, o pensamento das famílias rurais da região. Isso, mais o texto engraçado dos meninos, fez esse filme valer a pena. Visto na Mostra de Cinema de São Paulo de 2005, na finada e horrível sala do DirecTV 2.

Com Hurichabilike, Dawa, Geliban, Badema, Yidexinnaribu.

22 de dez. de 2006

[estréias 22-25/12]

[estréias nos cinemas brasileiros nesta sexta]

O Amor Não Tira Férias, de Nancy Meyers
O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili, de Marcus Figueiredo
Eragon, de Stefen Fangmeier
Menores Desacompanhados, de Paul Feig
Ping Pong Mongol , de Ning Hao
A Promessa , de Chen Kaige
O Segredo de Beethoven, de Agnieszka Holland
Você é tão Bonito, de Isabelle Mergault

[estréias em Salvador]

O Amor Não Tira Férias, de Nancy Meyers
O Caminho para Guantánamo, de Michael Winterbottom & Mat Whitecross
O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili, de Marcus Figueiredo
Eragon, de Stefen Fangmeier
Menores Desacompanhados, de Paul Feig
O Segredo de Beethoven, de Agnieszka Holland

21 de dez. de 2006

[alfred]



Em janeiro, a Liga dos Blogues Cinematográficos vai começar a eleger os melhores do cinema em 2006.

[time]

[em cartaz]

[time ]
direção: kim ki-duk.

Shi Gan, 2006. Vou confessar: eu gosto de Casa Vazia. Gosto bastante, mas provavelmente kim ki-duk pirou de vez ao achar que alguém poderia comprar essa miséria, o filme mais esdrúxulo em muito, muito tempo. Ridículo mesmo. Sua historieta que poderia ser classificada como crítica à indústria da beleza (acredite, até Mulher-Gato é melhor) pode ter outra vibrante função social: ser exibida em faculdades de cinema como exemplo do horror que um cineasta pode praticar. É didatiquinha e metidinha a importante instrumento de denúncia. O longa é de um mau gosto impressionante, com metáforas óbvias e idiotas. A cena final, que deveria dar o toque de gênio ao rapaz, é a cereja nesta torta maldita.

Com Sung Hyun-Ah, Ha Jung-Woo, Park Ji-Yun.

19 de dez. de 2006

[buzzing]

[buzz]

Fechei minhas previsões para o Oscar, com base nos últimos prêmios de críticos, inclusive o Globo de Ouro. Tudinho no oscarBUZZ.

17 de dez. de 2006

[happy feet, o pingüim]

[pé de valsa contra o mundo]


Happy Feet, o Pingüim está desbancando superproduções cheias do que há de mais novo na tecnologia do posto de melhor animação do ano segundo alguns dos principais prêmios de críticos dos Estados Unidos. O motivo definitivamente não está na técnica e nos efeitos visuais empregados no filme, que muitas vezes são bem mais ou menos, mas no poder de uma história bem contada. Não que o filme tenha uma grande história. O que diferencia este longa é o quanto sua equipe acredita nessa história.

Em linhas gerais, o filme é um pequeno conto moral sobre diferença e aceitação, mas o diretor George Miller, que tem no currículo Mad Max (1979) e Babe, o Porquinho Atrapalhado (1995), sabe criar identificação imediata com o espectador com uma mistura de personagem delicioso, um pingüim que nasceu sapateador, e uma história que requer um certo grau de inocência para ser comprada. No filme de Miller, essa inocência não é pueril, mas é um estado anterior, ancestral, inerente ao ser humano (ou ao ser pingüim, no caso).

O filme tem certo desequilíbrio. Às vezes, parece demais com um desenho menor da Disney e o design geralmente não é tão interessante. Mesmo o que Happy Feet tem de melhor, sua história, tem trechos apressados, repetitivos e podem chamar o final de incongruente, mas o encanto que Miller impõe a sua criatura é tão eficiente que isso tudo vai para segundo plano e o que você quer é ajudar seu amigo pingüim a mudar o mundo.

Sua luta para ser aceito pelo que gosta de fazer vira metáfora séria para tanta coisa que séria que classificá-la como isso ou aquilo seria uma avaliação menor. Happy Feet, assim como um x-man, quer mostrar que ser diferente é legal e que seus talentos especiais são incapazes de ferir alguém. Tudo apenas para, como um adolescente mutante, encontrar seu espaço, conquistar seu amor e poder brincar feliz.

[happy feet, o pingüim ]
[happy feet] Estados Unidos, 2006.
direção: George Miller.
roteiro: Warren Coleman, John Collee, George Miller e Judy Morris.
elenco: Elijah Wood, Brittany Murphy, Hugh Jackman, Nicole Kidman, Hugo Weaving, Robin Williams, Johnny A. Sanchez,
Carlos Alazraqui, Lombardo Boyar, Jeff Garcia, Fat Joe, Magda Szubanski, Miriam Margolyes, Anthony LaPaglia, Chrissie Hynde.
montagem: Christian Gazal . música: John Powell. desenho de produção: Mark Sexton. produção: Bill Miller, George Miller e Doug Mitchell. site oficial: Happy Feet, o Pingüim
. duração: 98.

nas picapes: [song of the heart, prince]

15 de dez. de 2006

[filhos da esperança]

[o futuro do presente]


A ambientação aqui é perfeita. O futuro deste filme é o futuro do presente, algo muito perto do mundo em que nós vivemos. A equipe de Alfonso Cuarón é muito feliz em retratar muito mais os pequenos detalhes em detrimento daquelas geringonças que querem mostrar como a tecnologia provoca revoluções a cada minuto. A direção de arte trata 2027 como apenas uma extensão do nosso dia-a-dia, com pouquíssimas modificações visíveis, numa tentativa de fazer a trama do filme mais plausível e muito mais assustadora por sua iminência.

No entanto, se eu dissesse que Filhos da Esperança é um filme decepcionante, não estaria mentindo. A trama futurista fatalista do novo trabalho de Alfonso Cuarón, que tinha a intenção de ser um exercício fantástico sobre uma sociedade à beira da barbárie numa alegoria de um mundo quase nosso, ficou refém de uma simples, e até meio sem graça, história de fuga. Não sei bem onde o diretor errou porque as referências políticas, a caracterização de governo e oposição, o tratamento dado aos imigrantes, tudo é apresentado de forma bastante crível, mas talvez mais camadas façam falta.

Desta forma, o filme, apesar de parecer novo, sem alusões totalitaristas, deixa um gosto de coisa antiga. O futuro é apenas ruim e ponto final. A dinâmica do roteiro produz um filme on the road com uma curiosidade: personagens que surgem e assumem seus papéis importantes na história para depois serem abandonados e tudo começar de novo. A princípio, uma tática interessante, mas que logo vira repetição. Há ainda os periféricos-clichê, como o pior de todos, o militar psicótico de Peter Mullan.

No entanto, há uma curiosa dicotomia no filme. Para uma obra que enxerga a humanidade de forma tão sombria, é quase inocente o amor que o diretor revela pelas crianças e por sua capacidade de agregar, catalisar, mudar. Eu sempre duvido de quem não gosta de crianças, então preciso dar um ponto extra para o senhor Cuarón. Ainda mais quando seu fotógrafo é Emmanuel Lubezki, que realiza um trabalho hercúleo com sua câmera e que sabe como ninguém onde jogar um raio de luz.

[filhos da esperança ]
[children of men], Estados Unidos/Grã-Bretanha, 2006.
direção: Alfonso Cuarón.
roteiro: Alfonso Cuarón e Timothy J. Sexton, baseado em livro de P.D. James.
elenco: Clive Owen, Claire-Hope Ashitey, Michael Caine, Chiwetel Ejiofor, Julianne Moore, Charlie Hunnam, Pam Ferris, Danny Huston, Peter Mullan, Oana Pellea, Paul Sharma, Jacek Koman.
fotografia: Emmanuel Lubezki. montagem: Alex Rodríguez. música: John Taverner. desenho de produção: Jim Clay e Geoffrey Kirkland. figurinos: Jany Temime. produção: Marc Abraham, Eric Newman, Hilary Shor, Iain Smith e Tony Smith. site oficial:
Filhos da Esperança. duração: 109 min. Children of Men, Estados Unidos/Grã-Bretanha, 2006.

nas picapes: [elephant stone, the stone roses]


[estréias 15/12]

[estréias nos cinemas brasileiros nesta sexta]

Por Água Abaixo, de David Bowers e Sam Fell
Time - O Amor contra a Passagem do Tempo , de kim ki-duk
Xuxa Gêmeas, de Jorge Fernando
007 - Cassino Royale, de Martin Campbell

[estréias em Salvador]

O Amor é Mudo, de Jeanne Labrune
Buena Vida Delivery, de Leonardo Di Cesare
C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor , de Jean-Marc Vallée
Meninas Molecas, de Serge Meynard
A Pequena Jerusalém, de Karin Albou
Por Água Abaixo, de David Bowers e Sam Fell
Sombras do Passado, de Florian Gallenberger
Xuxa Gêmeas, de Jorge Fernando
007 - Cassino Royale, de Martin Campbell

14 de dez. de 2006

[previsões]

[Globo de Ouro]

As indicações para o maior preview do Oscar, o Globo de Ouro, já saíram. Apesar de, no ano passado, os Globos terem errado três das cinco indicações na categoria principal, não tem prêmio de crítica mais importante do que esse. Indicados e comentários estão no oscarBUZZ.

11 de dez. de 2006

[32]

[32 filmes]


1 Aurora (1927)
de F. W. Murnau

2 Onde Começa o Inferno (1959)
de Howard Hawks

3 Gritos e Sussurros (1972)
de Ingmar Bergman

4 Elefante (2003)
de Gus Van Sant

5 Intriga Internacional (1959)
de Alfred Hitchcock

6 O Céu de Suely (2006)
de Karim Aïnouz

7 Era Uma Vez no Oeste (1968)
de Sergio Leone

8 Apocalypse Now (1979/2001)
de Francis Ford Coppola

9 Reis e Rainha (2005)
de Arnaud Desplechin

10 Um Homem com uma Câmera (1929)
de Dziga Vertov

11 Este Mundo é um Hospício (1944)
de Frank Capra

12 A Paixão de Joana D'Arc (1927)
de Carl Dreyer

13 Marcas da Violência (2005)
de David Cronenberg

14 Janela Indiscreta (1954)
de Alfred Hitchcock

15 Os Excêntricos Tenenbaums (2001)
de Wes Anderson

16 Amarcord (1973)
de Federico Fellini

17 Os Incompreendidos (1959)
de François Truffaut

18 Cidadão Kane (1940)
de Orson Welles

19 A Dama na Água (2006)
de M. Night Shyamalan

20 Cantando na Chuva (1952)
de Gene Kelly e Stanley Donen

21 Barry Lyndon (1975)
de Stanley Kubrick

22 A Regra do Jogo (1939)
de Jean Renoir

23 O Novo Mundo (2005)
de Terrence Malick

24 O Marido da Cabeleireira (1990)
de Patrice Leconte

25 Interiores (1978)
de Woody Allen

26 Crepúsculo dos Deuses (1950)
de Billy Wilder

27 Morangos Silvestres (1957)
de Ingmar Bergman

28 Clean (2004)
de Olivier Assayas

29 Antes do Pôr-do-Sol (2004)
de Richard Linklater

30 Tempos Modernos (1936)
de Charles Chaplin

31 A Noite (1960)
de Michelangelo Antonioni

32 X-Men 2 (2003)
de Bryan Singer

Não são os mais-mais, mas refletem um conjunto. Não existe uma ordem lógica, que ninguém busque entender nada. Tem muita coisa de agora porque eu tive vontade de agoras. E, é verdade, eu forcei a barra para alguns entrarem porque eu queria muito vê-los na lista. Sábado eu queria ter ido ao cinema, mas não deu. Hoje vai dar. Sábado eu deveria ter postado esta listinha, mas não deu. Hoje deu. Essa diagramação ficou confusa e não ficou muito boa, mas eu acho que vai ficar assim mesmo.

[buzzing]

[buzz]

Clint Eastwood ganhou mais uma e Martin Scorsese e Stephen Frears ficaram de fora dos dez mais do American Film Institute para dar lugar a Borat e Happy Feet, o Pingüim. Todas as reações aos prêmios divulgados neste domingo que começaram a definir a corrida pelo Oscar em oscarBUZZ.

8 de dez. de 2006

[estréias 08/12]

[estréias nos cinemas brasileiros nesta sexta]

Brilhante, de Conceição Senna
DOA - Vivo ou Morto, de Coren Yuen
Ela Dança, Eu Danço, de Anne Fletcher
Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón
O Ilusionista, de Neil Burger
Só Deus Sabe, de Carlos Bolado
Sombras do Passado, de Florian Gallenberger

[estréias em Salvador]

C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor (pré-estréia), de Jean-Marc Vallée
Ela Dança, Eu Danço, de Anne Fletcher
Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón
O Ilusionista, de Neil Burger
Um Natal Brilhante, de Joe Whitesel
Santo Antônio, Guerreiro de Deus, de Antonello Belluco
Sombras do Passado (pré-estréia), de Florian Gallenberger

7 de dez. de 2006

[instinto selvagem 2]

[no sofá]

[instinto selvagem 2 ]
direção: Michael Caton-Jones.

Basic Instinct 2, 2006. Um exemplar de filme em que tudo está no lugar errado. Esta seqüência na tem a menor necessidade de existir embora Sharon Stone tenha dito que somente toparia ser Catherine Trammel mais uma vez com um bom roteiro. O arremedo de história que se tem aqui é um amontoado grotesco de cenas supostamente sensuais, mau gosto e reviravoltas estúpidas numa traminha da suspense que parece ter saído de um sub-Harold Robbins. Incrível que tenham conseguido atrair nomes como David Thewlis e Charlotte Rampling para uma tosqueira.

Com Sharon Stone, David Morrissey, Charlotte Rampling, David Thewlis, Hugh Dancy.

6 de dez. de 2006

[national board of review 2006]

[national board of review 2006]

O National Board of Review divulgou hoje seus melhores do ano e pôs fogo na corrida pelo Oscar. Prêmios e comentários no oscarBUZZ.

5 de dez. de 2006

[almas reencarnadas]

[no sofá]

[almas reencarnadas ]
direção: Takashi Shimizu.

Rinne, 2005. A coisa mais interessante do filme é a sobreposição de dimensões, com o plano real sendo invadido não por elementos do plano fantasma, mas pelo próprio em si, como num filme de Freddy Kruger. Em todo caso, o filme, que às vezes parece querer fazer uma homenagem recalcada a O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980), parece uma reciclagem de clichês do novo terror oriental (temos um rascunho de uma doida do cabelão, a personagem mais clássica desta nova onda, sem idéias realmente novas ou muito bem executadas. Shimizu, como em O Grito, aposta no óbvio, sem direito a grandes sustos e com uma revelação/reviravolta final apenas OK.

Com Yûka, Kippei Shiina, Tetta Sugimoto, Shun Oguri, Marika Matsumoto.

E no oscarBUZZ tem os indicados e as reações ao Annie, o prêmio para as animações.

4 de dez. de 2006

[satellites 2006]

[satellites 2006]


Meio atrasadinho, comentei as indicações dos Satellites e a corrida do Oscar em oscarBUZZ. Amanhã sai o resultado do National Board of Review.

3 de dez. de 2006

[indicações para a liga]

[indicações para a liga]

Este blogue foi indicado em sete categrorias da quarta edição do prêmio Spoiler, organizado pelo colega Marfil, uma supresa enorme para mim. As indicações são para melhor blogue, editor/redator, post ("O bom, o mau... que feio!", 06/03/06), produção técnica, edição de links + programação, jornalismo, conceito cinematográfico e interação em comentários. E eu não fui o único membro da Liga dos Blogues Cinematográficos citado. O próprio blogue da liga concorre na categoria de interação em comentários. No quesito sobre blogues de cinema, temos ainda o Mira!, do Eduardo Miranda, o Cinema Cuspido e Escarrado, do Marcelo V., e o Filme GLS ou Quase, do Egídio La Pasta. O Perto do Coração Selvagem, do meu amigo Guilherme Lamenha, concorre na categoria conceito filosófico. O the.way.things.are, do Teco Apple, disputa em conceito artístico e edição de links + programação. O Alexandre Inagaki, do Pensar Enlouquece, é finalista em jornalismo e produção técnica. No quesito pauta original, um dos candidatos é o Superoito, do Tiago Superoito. A premiação será no dia 13 de janeiro.

[ranking 2006]

[ranking 2006]
[com filmes que entraram em circuito até 3 de dezembro]



1 [1] A Dama na Água, de M. Night Shyamalan
2 [2] O Novo Mundo, de Terrence Malick
3 [n] O Céu de Suely, de Karim Aïnouz
4 [3] Caché, de Michael Haneke
5 [4] O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee
6 [5] Amantes Constantes, de Philippe Garrel
7 [n] O Crocodilo, de Nanni Moretti
8 [6] 2046 - Os Segredos do Amor, de Wong Kar-Wai
9 [7] O Plano Perfeito, de Spike Lee
10 [n] Os Infiltrados, de Martin Scorsese



1 [n] Fonte da Vida, de Darren Aronofsky
2 [1] Menina Má.com, de David Slade
3 [2] O Assassinato de Richard Nixon, de Niels Mueller
4 [6] A Máquina, de João Falcão
5 [3] Escuridão, de John Fawcett
6 [4] Assombração, de Oxide Pang Chun e Danny Pang
7 [5] Ultravioleta, de Kurt Wimmer
8 [7] Anjos da Noite: Evolução, de Les Wiseman
9 [n] Incuráveis, de Gustavo Acioli
10 [8] Terror em Silent Hill, de Christophe Gans

2 de dez. de 2006

[os sem-floresta]

[no sofá]

[os sem-floresta ]
direção: Tim Johnson & Karey Kirkpatrick.

Over the Hedge, 2006. Colocando à parte um certo vício na composição das personagens e alguns movimentos esquemáticos, é um belo filme sobre desenraizamento e alienação, com uma população sendo confrontada com a necessidade, ou ainda, com a obrigação de se adequar a uma nova realidade. O roteiro tem boas soluções para apresentar as várias fases: o choque pela perda do espaço, com Steve Carell brilhante como o esquilo percorrendo a cerca; o encantamento ignorante com as novas possibilidades, que tem como cereja do bolo a cena das latas de lixo, e a desilusão com o isolamento. Fora isso, há uma bela performance de William Shatner, que encarna um sariguê melodramático/canastrão de primeira.

Com Bruce Willis, Garry Shandling, Steve Carell, Wanda Sykes, William Shatner, Nick Nolte, Thomas Haden Church, Allison Janney, Eugene Levy, Catherine O'Hara, Avril Lavigne, Omid Djalili.

1 de dez. de 2006

[o labirinto do fauno]

[fábula em estado bruto]


Se A Dama na Água é a homenagem de M. Night Shyamalan ao conto de fadas, O Labirinto do Fauno é seu primo próximo, um filme que revela o amor desavergonhado de um mexicano pela fábula. Guillermo del Toro faz parte de um tipo de cineasta em extinção no dias de hoje, o diretor que administra orçamentos consideráveis sem deixar de ser um guardião do lúdico. A decisão de interromper sua carreira norte-americana e voltar a trabalhar no México somente qualifica o filme. Longe das exigências dos grandes estúdios, Del Toro realizou uma fábula em estado bruto.

A frase parece de efeito, mas a descrição é exatamente essa. O cineasta não faz concessões na aventura da menina que, no meio de um terreno tão espinhoso quanto a Guerra Civil Espanhola, encontra a abertura para um universo fantástico, para a possibilidade de uma outra história, através do encontro com um fauno. Apesar de ser, de certa forma, uma ode aos livros infantis, o filme não poupa as crianças de um confronto com a violência. O equilíbrio da fusão entre o contexto histórico e as possibilidades de uma natureza fantástica é o que deixa o filme sem par.

O trânsito entre os dois universos, por outro lado, também amarra algumas escolhas do filme já que os conflitos precisam de soluções em planos isolados. Mas essa dicotomia, que existe e nos priva de uma obra-prima, é amenizada pela habilidade de Del Toro para dar credibilidade às duas instâncias, coordenando a passagem do plano real para o da imaginação como numa orquestra, onde a tema composto por Javier Navarrete, lindo, metaforiza a própria protagonista, a única que consegue trafegar por todos os cenários, de competência admirável, de que o filme dispõe.

O Labirinto do Fauno, dono de uma ambientação cuja disponibilidade para o lúdico raramente é tão bem-sucedida, é de um diálogo constante com a filmografia do diretor. O fato de, pela primeira vez, estar lidando com um material prioritariamente infantil não o impede de apresentar a seu público, assim como já fez antes quando o público era outro, a brutalidade como esfera irremediável da vida.

[o labirinto do fauno ]
direção e roteiro: Guillermo del Toro.
elenco: Ivana Baquero, Sergi López, Maribel Verdú, Doug Jones, Ariadna Gil, Álex Angulo, Roger Casamajor, César Vea, Federico Luppi, Manolo Solo.
fotografia: Guillermo Navarro. montagem: Bernat Vilaplana. música: Javier Navarrete. desenho de produção: Eugenio Caballero. figurinos: Lala Huete e Rocío Redondo. produção: Álvaro Augustín, Alfonso Cuarón, Bertha Navarro, Guillermo del Toro e Frida Torresblanco. site oficial:
O Labirinto do Fauno. duração: 112 min. El Laberinto del Fauno, México/Espanha, 2006.

nas picapes: [may it be, enya]

[estréias 01/12]

[estréias nos cinemas brasileiros nesta sexta]

Adrenalina, de Mark Neveldine e Brian Taylor
Um Bom Ano, de Ridley Scott
Feliz Natal, de Christian Carion
Jesus - A História do Nascimento, de Catherine Hardwicke
O Labirinto do Fauno , de Guillermo Del Toro
Olhar Estrangeiro, de Lúcia Murat
Pulse, de Jim Sonzero

[estréias em Salvador]

Adrenalina, de Mark Neveldine e Brian Taylor
Amor em 5 Tempos , de François Ozon
Um Bom Ano, de Ridley Scott
Jesus - A História do Nascimento, de Catherine Hardwicke
O Labirinto do Fauno , de Guillermo Del Toro
Pulse, de Jim Sonzero
Sonhos e Desejos, de Marcelo Santiago
O Tempo que Resta , de François Ozon
A Última Noite , de Robert Altman


 
online