[f i l m e s d o c h i c o]

31 de ago. de 2006

[espelho mágico]

[em cartaz]

[espelho mágico ]
direção: manoel de oliveira.

Espelho Mágico, 2005. Tô preparado para o massacre: confesso que saí um pouco decepcionado da sessão do Festival do Rio do ano passado. Nenhum demérito para o filme. A comparação foi injusta devido à expectativa enorme causada pela obra-prima Um Filme Falado (2003). Este novo filme mantém Oliveira completamente firme em suas impressões sobre o mundo e as pessoas, mas a capacidade de comunicação, que era plena no outro longa, agora parece dependente de uma série de prisões formais que me foram algo incômodas. Desde a câmera fixa, que funcionava bem em O Quinto Império (2004), filme esplendidamente visual - e, inexplicavelmente inédito em circuito -, até a interpretação rígida e quase fria da maior parte dos atores. Leonor Silveira parece sempre estar prestes a nos dar um rasgo de humanidade, mas isso nunca, nunca mesmo, acontece. As convicções, que moram ao lado, vizinhas eu diria, de um mundo religioso, cristão, também não me dizem tanto quanto eu gostaria. Mas merece revisão de qualquer maneira.

Com Leonor Silveira, Ricardo Trêpa, Luís Carlos Cintra, Leonor Baldaque, Glória de Matos, Diogo Dória, Lima Duarte, Marisa Paredes e Michel Piccoli.

[novos membros]

[liga dos blogues cinematográficos: novos membros]

Estão abertas as inscrições para os candidatos a uma vaga na Liga dos Blogues Cinematográficos. Os interessados têm até o dia 7 de setembro para deixar um comentário no blogue da liga.

29 de ago. de 2006

[oscar estrangeiro]

[meu candidato]

O Ministério da Cultura abriu as inscrições para os longas que quiserem disputar a indicação oficial do Brasil para o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Todos os filmes feitos entre 1º de outubro de 2005 e 11 de setembro deste ano podem concorrer à indicação. Neste período, há uma série de bons títulos brasileiros lançados no cinema, mas nenhum chega aos pés de Cinema, Aspirina & Urubus, de Marcelo Gomes, um filme simples e extremamente bem cuidado técnica e dramaticamente. Perfil que se encaixa com o de muitos dos vencedores desta categoria do Oscar. Não indicar este filme em favor de superproduções como Zuzu Angel - que, por seu perfil de biografia e filme político (embora tenha liberdades históricas inaceitáveis), deve ser um forte candidato - me pareceria estupidez.

Cinema, Aspirina e Urubus para o Oscar 2007.

27 de ago. de 2006

[miami vice]

[o novo filme policial]


A reencarnação de Miami Vice não poderia mesmo ter sido um sucesso em solo norte-americano. Michael Mann faz o que pode ao longo de mais de duas horas para quebrar as expectativas do espectador, seja em relação a uma adaptação de uma série ultrapop, a um filme policial, a uma superprodução. Em boa parte deste tempo, as cenas de ação são substituídas por imensos períodos de diálogos e, principalmente, pelo que mais parece interessar ao diretor: a exploração do espaço.

A ação que se vê no filme é quase uma não-ação. A câmera de Dion Beebe segue em sua jornada em busca de novas texturas e enquadramentos, assumindo uma postura estética que às vezes se sobrepuja ao funcional. Essa obsessão que cresce a cada filme de Mann termina por jogar o longa num outro plano, numa espécie de dimensão paralela dos filmes policiais, muito além de um bangue-bangue urbano. Todos os quadros são trabalhados pra que seja retirado deles o que há de mais cinemático. É um filme na sua real acepção.

Os personagens parecem interessar menos do que a ambientação - e aí, leia-se imagem, música e sonoplastia. O melhor conjunto do ano. Possivelmente o melhor dos últimos anos. A trilha de John Murphy, com apropriações do Mogwai e de outros, consegue dar um clima muito estranho ao filme, algo entre o etéreo e o épico. Tanto que o que mais provoque choque no espectador seja o quão pouco dramático o filme é. Por mais que exista um romance naqueles moldes de proibido - muito eficiente, por sinal -, ele é um ponto no meio do universo à parte que Mann nos apresenta.

Curioso que num filme sobre uma dupla, o Rico de Jamie Foxx tenha sido quase deixado à parte. Não grandes destaques de elenco, mas Gong Li está encantadora e sensualíssima em todas as cenas. Mann é um diretor bastante masculino, mas segue caminhos muito diferentes e distantes do padrão de um cinema para homens. Seus filmes são musculosos, mas tem tratamento quase poético. E, se como filme policial, Miami Vice se apresenta assumindo outra face, sua resolução fica cada vez mais interessante do ponto de vista de crescendo narrativo, numa sucessão de cenas empolgantes. Só pelo fato de fugir de um cinema fácil, este filme merece muita atenção. Mas há muito mais.

[miami vice ]
direção e roteiro: Michael Mann, baseado em série de TV criada por Anthony Yerkovich.
elenco: Colin Farrell, Jamie Foxx, Gong Li, Naomie Harris, Ciarán Hinds, Justin Theroux, Luis Tosar, Barry Shabaka Henley, John Ortiz, Elizabeth Rodriguez, Domenick Lombardozzi, Eddie Marsan, Isaach de Bankolé, Ana Cristina de Oliveira, John Hawkes.
fotografia: Dion Beebe. montagem: William Goldenberg e Paul Rubell. música: John Murphy. desenho de produção: Victor Kempster. figurinos: Michael Kaplan e Janty Yates. produção: Pieter Jan Brugge e Michael Mann. site oficial:
miami vice. duração: 134 min. miami vice, Estados Unidos, 2006.

nas picapes: [we're not here, mogwai]


26 de ago. de 2006

[estréias 2006]

[o que vem por aí...]




Segundo os "em breve" pescados em alguns sites por aí, muitas das estréias até o fim do ano prometem. Há desde os grandes nomes aos que dividiram opiniões. Espelho Mágico, de Manoel de Oliveira, estava prometido para a última sexta-feira. Sabe-se lá quando entra na programação de novo. Mais um belo filme do velhinho português, mesmo que dependente de uma série de prisões estéticas. O indiano mais pop do cinema volta com um filme que repartiu a crítica. A Dama na Água, de M. Night Shyamalan, recebeu classificações como "filme mais radical da carreira do diretor" até "fantasia que não deu certo". Eu não gosto de A Vila.

Por outro lado, gosto de quase tudo na obra de Tsai Ming-Liang, mas O Sabor da Melancia é um escorrego. Apesar do clima particularíssimo providenciado pela direção de arte e pela trilha sonora, sem dúvida o melhor, o filme não me convenceu. Mas pretendo rever. Eleição - Submundo do Poder, de Johnnie To, começa muito bem, se desenvolve muito bem, mas na meia hora final têm um punhado de cenas deslocadas e uma resolução estranha.

O 11 de setembro vem em dois filmes elogiadíssimos: Vôo 93, de Paul Greengrass, no qual eu aposto muito, e As Torres Gêmeas, de Oliver Stone, no qual eu não aposto nada com base na minha longa experiência pessoal com o diretor. Deve-se comemorar a chegada de um filme de Philippe Garrel ao circuito comercial. Amantes Constantes vem com aval da crítica. Da fronteira do terror, virá o cultuadinho Abismo do Medo, de Neil Marshall, que já estava em 50% no meu emule. Ainda não sei se espero chegar ao cinema.

Entre os hispânicos, o diretor vencedor de Cannes, Alejandro Gonzalez Iñarritú, que traz o polifônico Babel, com elenco internacional e interestelar. Como os filmes anteriores do cineasta recebem elogios a mais, resta esperar. E é preciso ver se Pedro Almodóvar se recupera da apatia de Má Educação com o novo Volver, em que reata sua parceria com a desaparecida Carmen Maura. Guillermo Del Toro traz El Laberinto Del Fauno, que parece ser, no mínimo, uma experiência bem interessante.

Brian De Palma chega com a adaptação do clássico A Dália Negra - boas expectativas - e o veteraníssimo Robert Altman, com A Prairie Home Companion, que mais uma vez abusa da fórmula das muitas historinhas. Fórmula que dá certo, mas nem sempre. Meryl Streep estrela o último, mas sua grande interpretação da semana provavelmente virá mesmo de O Diabo Veste Prada, de David Frankel, que deve valer uma olhada.

Além disso, teremos também ainda este ano Catch a Fire, de Philip Noyce, A Good Year, de Ridley Scott, o polêmico A Promessa, de Chen Kaige, The Prestige, primeira incursão de Christopher Nolan depois de reativar a carreira na tela do homem-morcego, e Stranger than Fiction, de Marc Foster, diretor que foi bom em A Última Ceia e grotesco em Em Busca da Terra do Nunca.

Em três edições do Alfred, o prêmio de melhores do ano da Liga dos Blogues Cinematográgicos, Martin Scorsese e Clint Eastwood se enfrentaram duas vezes. Eastwood ganhou por Sobre Meninos e Lobos (melhor filme) e Menina de Ouro (filme e direção). Scorsese levou o prêmio de melhor direção por Gangues de Nova York. Neste ano, parecia improvável que um novo combate acontecesse. Mas The Departed, com Leo Di Caprio e Matt Damon, teve a estréia antecipada para novembro, mesmo mês que o drama de guerra Flags of Our Fathers, filme do caubói norte-americano, chega ao Brasil. Sinal de que teremos diversão no final da temporada?

25 de ago. de 2006

[chaiyya, chaiyya]

[trilha sonora da sexta-feira]



Jinke Sar Ho Ishq Ki Chaaon
(Ele cuja cabeça está na sombra do amor)
Paanv Ke Neeche Jannat Hogi
(Embaixo de seus pés estará o paraíso)
Jinke Sar Ho Ishq Ki Chaaon
(Ele cuja cabeça está na sombra do amor)
Chal Chaiyya Chaiyya Chaiyya Chaiyya (8x)
(Venha, sombra, sombra, sombra, sombra)
Saare Ishq Ki Chaaon Chal Chaiyya Chaiyya (2x)
(Com sua cabeça na sombra do amor, venha, minha sombra)
Paanv Janat Chale Chal Chaiyya Chaiyya (2x)
(Deixe meus pés caminharem pelo paraíso, venha, minha sombra)
Chal Chaiyya Chaiyya Chaiyya Chaiyya (4x)
(Venha, sombra, sombra, sombra, sombra)

Saare Ishq Ki Chaaon Chal Chaiyya Chaiyya (2x)
(Com sua cabeça na sombra do amor, venha, minha sombra)
Paanv Janat Chale Chal Chaiya Chaiya (2x)
(Deixe meus pés caminharem pelo paraíso, venha, minha sombra)
Chal Chaiyya Chaiyya Chaiyya Chaiyya (4x)
(Venha, sombra, sombra, sombra, sombra)

Woh Yaar Hai Jo Khusbhu Ki Tarah
(Aquele amor que é como um perfume)
Jiski Zubaan Urdu Ki Tarah
(Cuja linguagem parece Urdu)
Meri Shamo-raat Meri Kaynaat Woh Yaar Mera Saiyyan Saiyyan
(Ela é meu anoitecer e minha noite, meu universo)
Chal Chaiyya Chaiyya Chaiyya Chaiyya (4x)
(Venha, sombra, sombra, sombra, sombra)

Gulposh Kabhi Itraye Kahin, Mehke To Nazar Aa Jaye Kahin (2x)
(Às vezes, uma flor escondida se exibe, se ela libera um perfume ela se faz ver)
Taabeez Banaa Ke Pahnoo Use Aayat Ki Tarah Mil Jaaye Kahin (2x)
(Use-a como um amuleto sagrado, será como um verso religioso)
Gulposh Kabhi Itraye Kahin, Mehke To Nazar Aa Jaye Kahin
(Às vezes, uma flor escondida se exibe, se ela libera um perfume ela se faz ver)
Mera Nagma Wahi Mera Kalma Wahi (2x)
(Ela é minha melodia, meu verso Qurânico)
Yaar Misaale Os Chale Panv Ke Tale Firdaus Chale
(Ela caminha como o orvalho da manhã, embaixo seus pés movem o paraíso)
Kabhi Daal Daal Kabhi Paat Paat Main Hawa Pe Dhoondho Uske Nishaan
(Às vezes, os galhos das árvores, às vezes, as folhas)

Chal Chaiyya Chaiyya Chaiyya Chaiyya (4x)
(Venha, sombra, sombra, sombra, sombra)

Woh Yar Hai Jo Khusbhu Ki Tarah
(Aquele amor que é como um perfume)
Jiski Zuban Urdu Ki Tarah
(Cuja linguagem parece Urdu)
Meri Shamo-raat Meri Kayanat Woh Yar Mera Saiyan Saiyan
(Ela é meu anoitecer e minha noite, meu universo)
Chal Chaiyya Chaiyya Chaiyya Chaiyya (8x)
(Venha, sombra, sombra, sombra, sombra)

Canção: Chaiyya, Chaiyya
Autor: A. R. Rahman
Intérprete: Sukhwinder Singh & Sapna Awasthi, feat. MC Punjabi.
Filme: Dil Se.. (Mani Ratnam, 1998) e O Plano Perfeito (Spike Lee, 2006)

[estréias]

[estréias nos cinemas brasileiros nesta sexta]

Cafuné, de Bruno Vianna.
O Homem Pode Voar, de Nelson Hoineff
Lemming - Instinto Animal, de Dominik Moll
Miami Vice, de Michael Mann
Odisséia Musical de Gilberto Mendes, de Carlos Mendes
O Tempo que Resta, de François Ozon
Trair e Coçar é Só Começar, de Moacyr Góes

[estréias em Salvador]

Estrela Solitária , de Wim Wenders
Miami Vice, de Michael Mann
No Meio da Rua, de Antônio Carlos da Fontoura
Trair e Coçar é Só Começar, de Moacyr Góes

24 de ago. de 2006

[quando um estranho chama]

[no pc]

[quando um estranho chama ]
direção: Simon West.

When a Stranger Calls, 2006. Verdade seja dita: não há nenhuma idéia realmente nova neste filme. O embate herói solitário x estranho escondido já era velho quando eu comecei a ir ao cinema - e isso faz tempo. A grande questão é como, na ânsia de oferecer um produto novo, tentando ocultar as referências, diretores e roteiristas se empenharam tanto em criar subterfúgios dramáticos e estilísticos em forma de reviravoltas mirabolantes, explicações psicológicas ou, a pior de todas as opções, violência gratuita como forma de estabelecer o choque. É impressionante como, para muita gente, mostrar um dedinho sendo cortado virou sinônimo de ousadia, criatividade ou - e essa é genial - de realismo.

Quando um Estranho Chama segue outra linha. Em momento algum busca ser um filme ousado. É padrão até demais. Não tem momentos propriamente criativos de roteiro, sequer chama atenção na câmera, elemento caríssimo aos filmes de suspense. É um filme apenas eficiente no quesito técnico. Sua maior vantagem em relação a seus pares é justamente esta simplicidade. O que o diretor Simon West consegue - e isso é supreendente vindo de um cara que tem no currículo Con Air (1997), A Filha do General (2000) e Lara Croft - Tom Raider (2003) - é estabelecer um clima de pânico físico como há muito não se via. A trilha e a sonoplastia, maiores aliados do diretor, ajudam a tornar o que poderia ser primário numa pequena experiência sensorial que desperta o medo ancestral que habita em todos nós.

Com Camilla Belle, Tommy Flanagan, Katie Cassidy, Tessa Thompson, Brian Geraghty, Clark Gregg, Derek de Lint, Kate Jennings Grant, David Denman, Arthur Young, Madeline Carroll.

22 de ago. de 2006

[o dia em que a terra parou]

[no sofá]

[o dia em que a terra parou ]
direção: robert wise.

The Day Earth Stood Still, 1951. Manifesto pacifista quase desesperado de Robert Wise, onde a ameaça é a arma para buscar a paz. Hoje em dia, soa como um filme ingênuo, mas é corajoso. Tem, de uma maneira geral, uma visão romântica do combate à violência em escala global, mas geralmente assume um posicionamento crítico bastante veemente sobre o jogo do poder, numa época recheada particularmente pela desconfiança e preconceito. Muitíssimo bem resolvido visualmente, seja nos belos efeitos, na direção de arte ou na fotografia, precisa e inventiva. Wise, que depois faria Amor, Sublime Amor (1961) e A Noviça Rebelde (1965), aqui já apresentava sua elegância na direção e sua fluidez narrativa. Eu gosto bastante do final, que é anti-climático e pode parecer resolvido às pressas, justamente porque ele não recorre a chavões.

Com Michael Rennie, Patricia Neal, Hugh Marlowe, Sam Jaffe, Billy Gray e Lock Martin.

21 de ago. de 2006

[terror em silent hill]

[o complexo mundo da vingança sobrenatural]


O espanto da boa atriz que é Radha Mitchell na foto deve ter sido causado quando ela viu o resultado do filme que provavelmente topou fazer porque a) "vai me dar uma bela grana e vou ficar famosa entre os jovens"; e b) "deve ser muito divertido". Pois bem, Radha, como eu, deve ter ficado chocada com o desperdício de boas idéias num filme confuso, mal explicado, com variações bruscas entre imaginação e a falta dela. Primeiro, o final. É aceitável que não se tenha pleno entendimento de uma trama de um filme de roteiro elaborado, como os de David Lynch ou como Caché (Michael Haneke, 2005), com seu final aberto, mas um longa como Silent Hill tem a obrigação de oferecer uma história entendível quando o espectador - que não jogou e não conhece o game - sai da sala de cinema.

O roteirista, Roger Avary, de Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1994), não concorda comigo. Estava muito mais preocupado em deixar engenhosa a estrutura do filme que passou ao largo de algumas questões básicas para a compreensão do longa. Como, por exemplo, se deu o processo de isolamento da cidade e qual o porquê do mistério que todos nas redondezas tentam preservar? Havia manifestação de poderes ou qual era o motivo da perseguição? E como aquela mulher engravidou?

Avary sequer dá algum embasamento ao que o filme tem de melhor, a ação em planos existenciais diferentes. Afinal, estamos numa outra dimensão?

Christopher Gans até tem certo mérito em apresentar as personagens e as manipular com alguma desenvoltura em cenários bem desenhados. Mas todo o estiloso visual, muitas vezes aterrorizante, é banalizado depois de alguns minutos do filme e o poder da sugestão, que parecia tão promissor e oferecia belos momentos de medo primitivo, dão lugar a um vazio narrativo digno de ser chamado de enchimento-de-lingüiça com personagens de game que definitivamente não funcionam em carne-e-osso, como a velha farrapenta patética que a coitada da Deborah Kara Unger foi obrigada a fazer. O filme desperdiça uma atriz excelente como Alice Krige no papel de fanática religiosa mais clichê que alguém pode escrever, o que culmina com uma resolução megalomaníaca e sem imaginação.

[terror em silent hill ]
direção: Christophe Gans.
roteiro: Roger Avary, baseado nos dois primeiros jogos da série Silent Hill.
elenco: Radha Mitchell, Sean Bean, Laurie Holden, Deborah Kara Unger, Kim Coates, Tanya Allen, Alice Krige, Jodelle Ferland, Eve Crawford, Ron Gabriel, Colleen Williams.
fotografia: Dan Laustsen. montagem: Sébastien Prangère. música: Jeff Danna e Akira Yamaoka. desenho de produção: Carol Spier. figurinos: Wendy Partridge. produção: Don Carmody e Samuel Hadida. site oficial:
terror em silent hill. duração: 127 min. silent hill, estados unidos, 2006.

nas picapes: [come upstairs, snooze]


18 de ago. de 2006

[o que você faria?]

[em cartaz]

[o que você faria? ]
direção: marcelo piñeyro.

El Método, 2005. Eu até entendo que O Método não seja um título tão atraente, mas a imaginação sem limites dos tradutores brasileiros deveria estar a todo vapor na hora de batizar o filme de O Que Você Faria?. Numa época em que há reality shows para praticamente todas as profissões, inclusive a de executivo, o novo longa de Marcelo Piñeyro parece antenado, mas o cineasta, que já foi ótimo em Cinzas no Paraíso (1997) e bom em Plata Quemada (2000), recorre a uma fórmula um tanto gasta em seu trabalho mais recente: a claustrofobia dá o tom do filme, que parece querer criar situações-limite para investigar o interior de suas personagens. Bem, a investigação, se há, é rasa (e padece daquela visão simplista e preconceituosa sobre uma atividade), e o filme se prende a um modelo de "descubra o culpado" e "uns contra outros", que remete ao jogo Detetive. O melhor em cena é o macho ibérico canalhão. Najwa Nimri está linda.

Com Eduardo Noriega, Najwa Nimri, Eduard Fernández, Ernesto Alterio, Pablo Echarri, Natalia Verbeke, Adriana Ozores, Carmelo Gómez.

[i throw my toys around]

[trilha sonora da sexta-feira]



I've got no time for fairy stories
I'm not a little girl
So you can levae me all alone
And turn off the lights as well

If you were frightened
Then listen but i dont think youd like it
Such a nice kid

Nobody's looking now,
I throw my toys around

Somebody's being very bad
I wonder who it could be?
Somebody's going to get in trouble
I know it isn't me

I'm just a little angel
But you don't know what I've done
When your back's turned

Nobody's looking now,
I throw my toys around

Pick up those building blocks
Chop off the baby's locks
Swing darling by the hair
Put down that teady bear
Slam dunk a happy clown
I throw my toys around!

I've got no time for bedtime stories
I'm not a little child
Everything makes me furious
And everything makes me wild

If you are frightened
Then whistle and I'll come running to you
As you boo hoo

Nobody's looking now,
I throw my toys around

Nobody's looking now,
I throw my toys around

I throw my toys around (6x)


Canção: I Throw My Toys Around
Autor: Elvis Costello
Intérprete: No Noubt featuring Elvis Costello
Filme: Rugrats, o Filme (Igor Kovalyov & Norton Virgien, 1998)

[estréias]

[estréias nos cinemas brasileiros nesta sexta]

Almas Reencarnadas, de Takashi Shimizu
Anjos do Sol, de Rudi Lagemann
Buena Vida Delivery, de Leonard De Cesare
A Casa do Lago, de Alejandro Agresti
Obrigado por Fumar, de Jason Reitman
Quase Virgem, de Pat Holden
O Que Você Faria? , de Marcelo Piñeyro
Stay Alive - Jogo Mortal, de William Brent Bell
Terror em Silent Hill, de Christophe Gans

[estréias em Salvador]

Almas Reencarnadas, de Takashi Shimizu
Anjos do Sol, de Rudi Lagemann
A Cidade Perdida, de Andy Garcia
Obrigado por Fumar, de Jason Reitman
Terror em Silent Hill, de Christophe Gans
Transamérica , de Duncan Tucker

16 de ago. de 2006

[a aventura]

[no sofá]

[a aventura ]
direção: michelangelo antonioni.

La Avventura, 1959. É o cinema do abandono do começo-meio-e-fim. Antonioni provoca o espectador ao jogar um mistério que virá a ser insolúvel embora seja o ponto de partida para a ação. Ao diretor, pouco importa localizar desaparecidos (embora dedique muito tempo em tornar o desaparecimento crucial para a história), mas investigar as relações que se reestruturam a partir do fato e acompanhá-las sob o disfarce de seguir as pistas para solucionar o mistério. A câmera então é, com raros momentos de exceção, naturalista, pronta a nos colocar nos papéis dos que vemos na tela. Raramente a imagem significa algo muito além do que mostra. Muito mais radical do que A Noite (1960), filme que junto com este e O Eclipse (1961), integra uma trilogia sobre a mulher, concebida pelo diretor, o filme acompanha a revolução narrativa que o cinema sofreu, sobretudo na Europa nesta época. Estes dois outros títulos deverão ser revistos em breve. E, apesar de eu adorar A Noite, que certamente apareceria numa lista de meus cinqüenta filmes favoritos, foi em A Aventura que a aventura de Antonioni começou de verdade.

Com Monica Vitti, Gabriele Ferzetti, Lea Massari, Dominique Blanchar, Renzo Ricci, James Adams, Esmeralda Ruspoli.

[wolf creek]

[no pc]

[wolf creek - viagem ao inferno ]
direção: greg mclean.

Wolf Creek, 2006. Não sei se alguém já mapeou em que momento os filmes de suspense/terror se transformaram unicamente em filmes de psicopatas. A fotografia decente - embora não escape dos filtros, o que determina as "boas" fotografias de uns tempos pra cá - e a trilha correta não escondem como este filme é sobre lugares comuns, ainda que lugares ermos. A fórmula usada pelo diretorzinho, que, convenhamos, consegue fazer um filme limpinho, é a mesma de sempre - estranhos em busca de diversão que vão parar nas mãos de um psicótico -, mas encontra um interessante empecilho para sua apropriação: o timing estranho e a estrutura da narrativa. A ação propriamente dita se concentra nos cerca de 40 minutos finais, o que deixa mais da metade do filme sem exatamente um propósito a não ser introjetar os três protagonistas numa Austrália profunda. Essa quebra do padrão atual, da ação ininterrupta, me fez não classificar o longa como um Jogos Mortais vai ao deserto. Mas isso não chega a ser um mérito já que a estrutura, mesmo que ainda que seja surpreendente, parece equivocada - e bastante previsível.

Com John Jarratt, Cassandra Magrath, Andy McPhee e Nathan Phillips.

10 de ago. de 2006

[sigh no more, ladies]

[trilha sonora da sexta-feira]



Sigh no more, ladies, sigh no more
Men were deceivers ever
One foot in sea and one on shore
To one thing constant never

Then sigh not so, but let them go
And be you blithe and bonny
Converting all your sounds of woe
Into hey nonny, nonny

Sing no more, ditties, sing no more
Of dumps so dull and heavy,
The fraud of men was ever so
Since summer first was leafy

Then sigh not so, but let them go
And be you blithe and bonny
Converting all your sounds of woe
Into hey nonny, nonny, nonny

Then sigh not so, but let them go
And be you blithe and bonny
Converting all your sounds of woe
Into hey nonny, nonny, nonny


Canção: Sigh No More, Ladies
Autor: William Shakespeare & Arthur Sullivan
Intérprete:
Filme: Muito Barulho por Nada (Kenneth Branagh, 1993)
Histórico: uma das cinco canções que Arthur Sullivan compôs para peças de Shakespeare entre 1863 e 1864. As outras são Orpheus with his Lute, O Mistress Mine, Rosalind e The Willow Song.

Mudou o endereço do Limão Matutino, blogue de cinema do Antonio Saints, meu conterrâneo das Alagoas. O favorito da turma, Tiago Superoito, ressucitou seu antigo blogue, notícia excelente: se quer um texto bem escrito, o endereço é o Superoito. E uma dica: o belo blogue baiano Post Scriptum.

[café da manhã em plutão]

[em cartaz]

[café da manhã em plutão ]
direção: neil jordan.

Breakfast On Pluto, 2005. O maior senão do cinema de Neil Jordan é seu timing. A velocidade da direção às vezes não acompanha a do roteiro. Esse desencontro ora prejudica, ora dá um certo charme a seus trabalhos. Café da Manhã em Plutão não tem o mesmo timing de seu protagonista, Cillian Murphy, melhor ainda do que como o Espantalho de Batman Begins (Christopher Nolan, 2005). Murphy tem uma interpretação explosiva num filme que, quando não é apático, é apenas correto. A melhor seqüência do longa - quando Murphy se vê na pele de uma agente secreta - é justamente a que se afasta do mundo retratado no roteiro e migra para um plano fantasioso, como o tom que o ator dá a sua personagem. O desacerto de tom se repete muito na obra de Jordan, mesmo em um de seus melhores filme, Nó na Garganta (1997), onde o excelente Eammon Owens devora quase tudo no longa. É muito melhor do que o conjunto - e o conjunto só é tão bom por causa dele.

No entanto - e esta afirmação serve para o novo filme ou para o estrelado por Owens -, há que se elogiar a interseção entre o escracho da personagem central e a melancolia do filme. No novo longa, o escracho desemboca numa série de liberdades estético-artísticas, como os passarinhos que apresentam a história e o clima farsesco no devaneio do protagonista. A melancolia surge em cenas solitárias, nos encontros, nos amigos, nos quase-amores. Cillian Murphy é seríssimo candidato ao Alfred de melhor ator: personagem afetada, ator sem um pingo de afetação.

Com Cillian Murphy, Stephen Rea, Liam Neeson, Ruth Negga, Brendan Gleeson, Gavin Friday, Laurence Quinlan, Ian Hart, Ruth McCabe, Steven Waddington.

[estréias]

[estréias nos cinemas brasileiros nesta sexta]

O Arco, de kim ki-duk
Bolívia - História de uma Crise, de Rachel Boynton
Café da Manhã em Plutão , de Neil Jordan
Click, de Frank Coraci
Um Craque Chamado Divino, de Penna Filho
Intervalo Clandestino, de Eryk Rocha
O Sol - Caminhando contra o Vento, de Tetê Moraes
Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio, de Justin Lin

[estréias em Salvador]

Acordo Quebrado, de Lucas Belvaux
Caché , de Michael Haneke
Click, de Frank Coraci
O Libertino, de Laurence Dunmore
Obrigado por Fumar, de Jason Reitman
O Sol - Caminhando contra o Vento, de Tetê Moraes
Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio, de Justin Lin


 
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